top of page

Making of #4 [Livros em dupla]


De repente, estávamos animados com livros de duplas: “Dia sim dia não”, do Chico Alvim e Eudoro Augusto (com projeto de Luiz Áquila), “Segunda classe” do Cacaso e Luís Olavo Fontes, e vários outros. Eles costumavam ser curtos e, em muitos casos, com um projeto especial feito pelos próprios autores ou por amigos, trabalho artesanal, às vezes até mambembe. Por essas e outras, é que neles a produção e o texto acabam se tornando uma coisa só, o que faz toda a diferença. A edição afetando a escrita, a escrita afetando a edição. De alguma forma, isso também acontece hoje na internet: edição, distribuição e produção se tornam indissociáveis.

Quanto aos livros em dupla, nos fim dos anos 90, a 7letras também preparou alguns em edição nada mambembe, mas mantendo uma sintonia 'artesanal' entre texto, arte e diagramação. “Móbiles” – de Age de Carvalho e Augusto Massi com arte de Alberto Martins – é um deles. E mais recente, um exemplo português: a bela edição da &etc de “Walkmen”, de José Miguel Silva e Manuel de Freitas (com projeto de Daniela Gomes). Isso para não falar de alguns livros de Jacques Roubaud, Emmanuel Hocquard ou de Georges Perec. Há muita gente.

Foi pensando um pouco nisso que convidamos alguns autores para os livrinhos de lançamento da Luna Parque Edições. A primeira ideia, claro, foi a do livro em dupla. Depois pensamos que a dupla poderia ser formada por autores de idades e momentos diferentes, mas não necessariamente. Então vieram as dúvidas: como formar essas duplas? Cumplicidade afetuosa, afinidade estética, os dois ao mesmo tempo (ou ainda outro critério)? As perguntas se multiplicavam: formada a dupla, o que pediríamos? Escrever um livro junto ou separado? Enfim, tomamos coragem, convidamos e, a cada convite, a proposta de encontro foi se adaptando aos convidados. A cada dupla, uma dinâmica. A cada dupla, um projétil.

bottom of page